À procura de um emprego

O primeiro mês foi destinado a tirar toda a documentação necessária para os recém chegados e procurar o apartamento. Agora eu (Sandro) estava pronto para começar a procurar emprego de verdade. Eu já havia começado ainda no Brasil mas acabei descobrindo que perdi um pouco de tempo quando cheguei aqui.

Meu primeiro erro foi me iludir em relação as algumas entrevistas que apareceram assim que cheguei. Eu já havia preparado meu CV em inglês e francês no Brasil e mesmo não estando 100% despertou interesse. Usando minha rede de contatos, meu CV e meu perfil ficaram conhecidos numa excelente agência de recrutamentos de Montreal. Com isso acabei fazendo entrevistas logo nas primeiras semanas, por telefone e pessoalmente. Ainda por cima, o cunhado de uma amiga minha levou meu CV para o chefe dele que amou meu perfil, mas depois a vaga sumiu, coisas da crise. O problema é que eu fiquei confiante de que a empresa de RH seria o canal e como eu tinha várias outras coisas para resolver, permaneci tranquilo, pois seria só uma questão de tempo.

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Conversando depois, com um brasileiro que mora em Toronto, ele me alertou sobre as empresas de RH. Mesmo que eles já tenham o candidato certo para uma vaga, a empresa contratante não vai querer entrevistar apenas uma pessoa, é preciso oferecer um certo número de candidatos. Aí entrava eu, o recém chegado, como o candidato para fazer número. É verdade que quase consegui um excelente emprego através desse canal, fiquei entre os 2 últimos candidatos, mas terminei em segundo. Segundo lugar num processo seletivo não dá medalha de prata, mas significa: desempregado.

Ok, agora que tínhamos nossa própria casa e as outras atividades diminuíram, comecei a fazer o meu dever de casa:

  • acertar o CV, uma eterna novela;
  • ir nas feiras de emprego;
  • atualizar meu CV nos sites de emprego online e me cadastrar em alguns novos que descobri;
  • procurar na internet todas as vagas com meu perfil, fazer uma carta de apresentação específica para aquela vaga e mandar com o CV em anexo, decidindo em cada caso usar o inglês ou o francês;
  • continuar indo nas entrevistas da empresa de RH, não só para fazer número mas também para me acostumar as entrevistas aqui;
  • procurar os serviços públicos de recolocação: emploi-quebec e outros não governamentais;

A cada vez que mudava meu CV para ficar mais de acordo com a cultura do Quebec melhor era a resposta dos empregadores. O problema é que o CV nunca ficava perfeito, faltava tempo e as vezes energia para terminar lapidação final. As crianças, a casa pós-mudança, as próprias saídas para entrevistas, tomavam tempo e complicavam tudo. E quando a Adriana começou a trabalhar – essa história ela conta depois – vi que meu mundo estava em constante mutação.

Por fim, perdi as contas de quantas entrevistas fiz. Em pouco menos de 3 meses foram umas 10 ou até mais, se incluir as entrevistas por telefone. Algumas entrevista eram práticas e objetivas, outras muito bizarras como uma em que fui entrevistado junto com outros 3 candidatos e terminou as 10h30, da noite!

Até que um dia a coisa rolou, foi uma entrevista simples e sem frescura. Sabe desenvolver em Java? Sei. Se comunica em inglês e francês? Sim. Posso pedir referências de empresas anteriores? Claro. Voilá. Contratado.

Estou feliz, fazendo o que eu sempre fiz e sei fazer, numa empresa dinâmica e em expansão. O salário inicial é bom e ainda será revisto no fim do ano de acordo com meu desempenho. Tenho apenas que agradecer a Deus e aos vários amigos que me ajudaram nesse processo.

Dicas para os que vierem depois:

  • Capriche no CV, vou postar outro tópico sobre ele;
  • Faça a tal da carta de apresentação, faz diferença;
  • Fale para todo mundo que você está procurando emprego;
  • Seja realista, descubra se sua ambição está de acordo com a aceitação do mercado ao seu perfil;
  • Vá ao maior número de entrevista que você puder, assim como o CV daqui é diferente a postura na entrevista também;
  • Não conte muitas histórias nem no CV nem na entrevista, seja direto – dica do Nellyr;
  • Vá nas feiras de emprego, semeie seu CV e comece a ser conhecido;
  • Nunca ponha foco no que não é pedido na oferta de trabalho, as vezes é necessário apagar do CV informações que não são relevantes para um determinado processo seletivo;
  • O mercado de trabalho está aquecido mesmo na crise – comparando-se ao Brasil – mas se prepare para ganhar pouco no início e até mesmo fazer um trabalho menos nobre;
  • Por mais fluente que você seja no francês ou no inglês vai ficar claro que você é recém chegado, algumas empresas não vão gostar disso então desista delas, outras empresas não vão se importar ou vão até querer esse “sangue novo”, tem que bater de porta em porta até acertar;
  • Seja oferecido, mande CV para quem não está anunciando vaga, diga que seu sonho é trabalhar na empresa, ligue para o RH da empresa e tente marcar entrevista, aqui isso não pega mal;
  • Tenha paciência, aqui é tudo mais devagar, ainda estou recebendo ligações e emails de empresas para as quais enviei meu currículo há mais de um mês;

9 opiniões sobre “À procura de um emprego

  1. Boas dicas. Por acaso poderias compartilhar a versão de seu último CV? Omitindo os dados pessoais mas para ajudar a focar na estrutura?

  2. Seu blog é fantástico meu caro.Um dos mais comlpetos qu eu ja li. Por acaso podería compartilhar a versão de seu último CV? Também sou da área de TI especificamente analista de Sistemas Sr.

    Eu agradeço imensamente.

    Alvaro Soares

  3. Quanto eu gastaria para sobreviver durantes os seis primeiros meses sem trabalho, pois vou como enfermeiro e terei que fazer o curso de integralização e de frances e no mínimo o tempo é esse. Não gosto muito de festa e quero morar em um apartamento pequeno e sem luxo. O governo oferece ajudar aos imigrandes, a partide de quando? Existem ongs que ajudam imigrantes, como? Existe algum emprestimo para imigrante que eu possa pedir, quando posso pedir e até quanto?
    Quanto vc precisou para viver os primeiro 3 meses sem trabalho? Vou imigrar só, mas pelos seus gastos posso ter uma base de quanto vou gastar. Quero morar em ville de QUebec,pode falar algo sobre lá, pois sei que vc mora em Montreal.? Te agradeço muito e sei que entrei demais na sua vida particular, mas estou com medo de imigrar e não conseguir me sustentar até conseguir trabalhar. Muito obrigado e que Deus te abênçoe.

  4. Olá Jorge,

    essa questão do custo de vida e gastos iniciais e muito relativa. Pessoa só, família, estilo de vida tudo influencia muito.

    Pelo que você falou o seu plano é simplificar ao máximo, então pense no valor que o Quebec indica para você trazer: esse é o mínimo para sobreviver.

    O brasileiro está acostumado com algumas coisinhas mais (celular, internet, etc), então pense num mínimo entre 50% a 100% o valor pedido no processo.

    O governo ajuda de várias formas, mas não dinheiro (exceto famílias com crianças). As ONGs também ajudam de várias formas, algumas oferecem até cesta básica.

    Planeje-se bem. Chegando com um francês adequado não é difícil conseguir um survival job para ajudar nas contas iniciais.

    Boa sorte.

  5. É, sabe quando acordamos um dia mudamos todos os nossos planos? Eu acordei e decidi, vou começar Frances e vou lutar para ser aceito pelo Québec, mas tenho medo, medo de chegar no Québec e depois da integralização e tentar a prova da ordem, não conseguir passar nas três tentativas e voltar de mãos abanando para o Brasil, medo de deixar dois empregos que tenho como técnco de enfermagem concursado no Estado e Prefeitura e não conseguir iniciar a profissão de enfermeiro no Canada. Sei que será difícil e eu farei tudo para dar certo, mas tenho medo.
    Obrigado Sandro por sua resposta e desejo tudo de bom para vc e sua família.

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