Um ano no Canadá: o balanço

Um ano!

Um ano!

Estou ensaiando escrever esse post há quase dois meses, quase mudei o título para um ano e dois meses no Canadá. Mas segundo o ditado: antes tarde do que nunca, lá vamos nós.

Um ano é muito tempo para se resumir num post então vou citar os principais eventos desse ano super-movimentado. E tentar fazer um balanço resumido do como está sendo essa experiência.

Abaixo segue numa ordem mais ou menos cronológica dos eventos que passamos. Isso é uma prova de que vida de imigrante não é fácil. Alguns tópicos podem, ou não, ser mais detalhados em próximos posts.

Principais eventos:

Fase 1 – Cachorro que caiu da mudança

Primeiros dias

Primeiros dias

1. Tirar os documentos básicos

2. Aprender a andar na cidade: descobrir onde fica o que e como se chega lá.

3. Algumas poucas entrevistas de emprego, fruto do CV enviado antes

4. Achar um apartamento para alugar

5. Dar entrada no assurance maladie

6. Dar entrada nos programas de governo de auxilio às crianças – dinheirinho importante

Tudo isso acima coube em um mês. Antes de vc saber onde vai morar não dá para resolver ontras coisas. Com apartamento alugado veio a fase 2.

Fase 2 – Tentando estabelecendo uma rotina

Esse piso range beaucoup

Um teto sobre nossas cabeças

1. Mobiliando a casa – não importa se era comprado ou ganhado (e ganhamos muito) mas sempre era preciso carregar, montar, etc…

2. Adriana começou a francisação escrita à noite

3. Busca por garderie

4. Sandro começa a busca de emprego para valer

5. Inscrição na Comissão Escolar de Montreal para a filha entrar na escola primária

6. Adriana começou a trabalhar

É difícil descrever o stress dessa fase. A mulher trabalhando e o marido cuidando das crianças, incluindo levar as crianças na garderie de ônibus. Como diz um amigo meu, com seu tom irônico:  “bem-vindo ao Canadá”. Isso significa: sai o luxo entra o transporte público, sai a Brastemp entra a lavanderia do prédio,  sai o jantar no restaurante e entra o programa comunitário de cesta de alimentos. Nós estávamos levando tudo na esportiva, mas no fundo dava aquela vontade de restabelecer um padrão de vida mais parecido com o do Brasil. Mas, retomar o estilo de vida demanda mais dinheiro do que os imigrantes costumam ter.

Fase 3 – Quem mexeu no meu queijo? ou Estabelecendo outra rotina

Livro de estudo (clique para comprar)

Livro de estudo

1. Sandro começa no trabalho

2. Adriana sai do trabalho

3. Tirar carteira de motorista – por que não fizemos isso antes!?!?

4. Comprar carro

5. Adriana aplica para bolsa na universidade

6. A pequena começa na escola

7. A Adriana começa na universidade

Parece que tudo estava entrando nos eixos, e a poeira baixando, mas tinha mais, tinha o primeiro inverno pela frente.

Fase 4 – Virando picolé

Até a filhota tava ajudando

Tirando neve do carro

1. Começando a curtir o frio: brincando na neve, ptinando, fazendo bonecos de neve e etc.

2. Procurando uma garagem para alugar – a patroa não curtiu muito ficar cavando a neve…

3. Filho com pneumonia – acabou a graça

4. A chauffage do apartamento pifou 3 vezes, hora de procurar um apartamento melhor conservado

Quando tudo parecia arrumado e entrando na rotina… Fase 5!

Fase 5 – Ah não! Vai começar tudo de novo!

1. Mudando de emprego

Típica québecoise com filhos

Tudo de novo!

2. Procurando outro AP, o atual já não dá mais…

3. Esperando o verão

4. Aprendendo a fazer a declaração de imposto de Imposto de Renda do Canadá

E continua… pois a adaptação não acaba nunca.

“E a mente apavora o que ainda não é mesmo velho”

Essa frase do Caetano Veloso, tirada da letra da música Sampa, explica tudo sobre a fase de adaptação. Tudo que é preciso fazer, de compras no supermercado a ver televisão, tudo é diferente.  E o pior é que a lista de afazeres é interminável.

Mas é incrível o quanto nós nos adaptamos em um ano. No começo até fazer supermercado era complicado porque os produtos, as marcas e os preços eram muito diferentes do que conhecíamos no Brasil. Hoje sabemos onde e o que comprar, o que gostamos o que não gostamos, que marcam são boas e quando o preço está bom.

O mesmo acontece com roupas, lugares para comer e atividades de lazer. Mas ainda há muito da cidade a descobrir. Também ficou mais fácil se locomover, pois já sabemos como ir a quase todos os lugares, embora o Google Maps e o GPS ainda sejam muito úteis.

Passando a régua

Um mini balanço para encerrar o post:

1. Línguas

Minha maior decepção. Achei que em um ano estaria praticamente fluente em francês ou inglês (o que eu usasse mais). Não aconteceu. Não porque eu não tenha evoluído, mas porque o buraco é mais embaixo. Fluente fica mais longe do que eu pensava e ainda tenho que remar muito. Acho que a Adriana evoluiu mais por estar focada no francês e estudando.

2. Trabalho

Nesse ponto foi o que eu esperava. O trabalho aqui é igual ao do Brasil e a remuneração também não é muito diferente. Mas a pressão e o stress são menores que no Brasil. Sei que ainda posso avançar na carreira a medida que eu para de falar como uma criança de 6 anos. Aliás, a pronúncia da minha filha dá de 10 a 0 no meu pobre francês, mas ainda ganho no quesito gramática, por enquanto…

3. Estudo

No meu caso não deu para conciliar trabalho e estudo, tenho amigos que conseguiram, mas com dois filhos fica mais difícil. Já a Adriana conseguiu o que não era possível no Brasil, fazer universidade com filhos e sem ir a falência. Pelo contrário recebe para estudar. Mesmo tendo que devolver no final a parte do dinheiro que é financiada, ainda é um bom negócio.

4. Crianças

Crianças adoram novidades e por isso estão bem felizes por aqui. Apesar do stress de ir para uma escola sem saber falar a língua e etc, eles tiram de letra. E as instituições de ensino aqui do Quebec estão realmente preparadas para receber os pequenos imigrantes (e os grandes também). Lamento um pouco é que o pequeno entrou cedo na garderie, no Brasil em vez de pagar escolinha estaríamos certamente pagando uma faxineira ou empregada para liberar a mãe para ser… mãe.

5. Finanças

Imigrar custa caro. Somando o custo estudar línguas, o custo do processo de obtenção do visto, as passagens aéreas, montar novamente a casa do zero e passar alguns meses sem trabalho ou ganhando menos que o necessário. Ou seja investimos bastante dinheiro nessa “aventura”, hoje o fluxo de caixa já está positivo e, acredito, em mais um ano vamos ver o retorno sobre o investimento.

6. Qualidade de vida

Esse é o ponto mais complicado de medir porque sempre existe o outro lado da moeda. Vejamos os prós e contras:

• Temos vantagens gigantescas na qualidade do transporte público e na segurança. Não ser pisoteado no ônibus e poder abrir o seu MacBook no metrô não tem preço.

• Por outro lado a moradia deixa a desejar, principalmente nos bairros mais centrais os prédios são velhos e mau conservados ou caríssimos. Para morar bem e barato é necessário sair do centro.

• Aqui estou trabalhando menos horas por semana (37.5 pois tenho 30 minutos de almoço que não são descontados) entro as 9h e saio as 17h. Isso é qualidade de vida.

• Mas aqui no Quebec nós estamos acordando mais cedo, porque a escola é período integral e as aulas começam cedo. E a gente rala um pouco mais por aqui.

• Temos acesso a algumas facilidades que não tínhamos no Brasil, simplesmente pq aqui é mais barato. Itens que no Brasil eram considerados supérfluos – como GPS, ou TV a cabo – aqui nós conseguimos encaixar no orçamento.

• Em contrapartida, o orçamento não permite faxineira, emprega ou mesmo babá. Simplesmente é muito caro.

• O lazer empata. Montreal tem excelentes parques e muitas áreas verdes, mas Curitiba também tem. Então ficou 1 a 1. Comer fora também tem o mesmo preço relativo que comer fora no Brasil. Mas no Brasil a comida é melhor, claro!

• O lado bom é que estamos num país diferente onde tudo é novidade e o turismo se torna muito interessante. Não é muito caro fazer turismo, e existem muitas opções .

• O que falta é tempo.

Dicas para os que vierem depois

  • Você gosta de aventuras? Então venha!

20 opiniões sobre “Um ano no Canadá: o balanço

  1. tá lindo esse post de balanço. sou fã deles, tenho que confessar. quero só ver como será o meu daqui a um tempinho…
    olha, uma coisa que realmente acho que vai me assustar é o lance de estar só num lugar onde TUDO, do gosto da água ao idioma, do clima ao tipo de ap é diferente. quanto mais eu encarar o fato de que isso é realmente complexo acho que mais eu relaxo e me deixo integrar à nova vida. dá muito medo de não conseguir um empreguinho logo no primeiro ou segundo mês… enfim… dá diversos receios que, tenho certeza, vou rir demais daqui a um ano, felizona!
    🙂
    que bom que vocês também parecem felizes e lucrando na qualidade de vida! acho melhor ralar pra organizar casa e cuidar dos filhos do que ralar incansavelmente no trabalho, perdendo a vida pessoal!

  2. Olá Sandro, parabéns pelo 1 ano e “2 meses” 🙂

    Achei muito importante essa sua descrição detalhada e na verdade já começo a pensar em como estaremos quando tivermos completado 1 ano também…

    É muita ralação, mas acho que no final, compensa. Só a parte da segunrança… já vale!!

    Muita sorte pra vcs no próximo ano, muito sucesso!!

    Abraços

    Bea.

  3. oi pessoal, achei ótimo esse post, porque já dá pra ter uma idéia do que podemos encontrar por aí! no mais, desejo que o próximo ano de vcs seja de muita conquista e alegrias. sucesso sempre. abs. elen e cleber=0)

    • Merci,

      mas esse último ano já foi um ano de muitas conquistas e alegrias. Talvez tenham focado demais na correria e pouco nas conquistas, vou dar uma revisada no post. Um abraço.

      Sandro.

  4. Oi Sandro,

    Parabéns pelo post! Nós estamos fazendo 1 mes de Montréal nesse fim de semana e ainda estou um pouco perdido.. Mas o pior acho que é a agonia de estar desempregado! Como vc disse, esse projeto é muito caro e é dificil assistir o dinheiro saindo da conta sem qualquer previsão de entrar! Por isso fico agoniadíssimo querendo conseguir um emprego logo! Mas não dá pra colocar o carro na frente dos Bois não é?
    Mas uma vez parabens e sucesso no aprendizado do frances, é difícil mesmo! ehheheh

  5. Oi, Sandro.

    Como sempre um post muito útil!
    Obrigada!

    Mas eu tenho um pedido… gostaria de saber mais sobre legislação trabalhista aí no Québec.
    Nada melhor q perguntar pra alguém que já está empregado, certo?
    Então é isso: direitos trabaslhistas. Como é?

    Abraço.

  6. Por favor, nunca pare com seus relatos, não sei se sabem, da importância destes, para os que sonham em “RALAR” também. Desejo toda sorte, paz e saúde a esta familia maravilhosa, se Deus permitir e o consulado também, provavelmente em agosto, estarei indo para montreal com minha esposa e minhas 2 filhas (Pietra de 6 anos e a Brisa de 2 meses).
    Sorte, Sucesso e muita saude para curtir os outros dois.
    Parabéns.
    Carlos, Andrea, Pietra e Brisa

  7. Oi Sandro!
    Nossa parabens pelo post e pelo 1o ano de voces aqui no Canada!!!!

    Obrigada pelas Boas vindas! =)Eu cheguei dia 18 (deste mes), ja fiz todos os meus dctos, agora estou esperando para ir no Rendez-Vous com o MICC – que sera neste proxima segunda pela manha!

    Beijos
    Sabrina

  8. oi Sandro, blz?

    muito bom o relato de vcs, parabens pelas conquistas, como diz um amigo meu que é quebecois, nada por aqui cai do céu, nem pra quem é daqui 🙂

    nós estamos a 1 mes aqui em Ville de Québec, estamos gostando bastante e tentando estabelecer uma rotina hehehe qdo vierem a passeio pra cá entrem em contato. nós vamos à MTL no domingo, mas vai ser um bate e volta.

    boa sorte nos planos de vcs.

    grande abraço
    até+

  9. Sandro,
    Sou do CBQ e faz algumas semanas tenho lido seu blog mas só agora esrou comentando pq adorei este post. Adoro ler o relato dos brasileiros q chegaram aí e estão se virando, principalmente qdo esses relatos são recheados e VERDADE nua e crua… ahahahaha! É disso q precisamos! Obrigado pela ótima leitura q me tem proporcionado e espero trocarmos mais ideia (pessoalmente quem sabe?) em breve!
    Um forte abraço!

  10. Oi Sandro,
    É verdade, muitas pessoas acham que é só chegar lá que o governo te recepcionará no aeroporto, oferecendo trabalho, dinheiro, equivalência de estudos… hahaha

    Obrigada pelo post bom o balanço do 1 ano de vocês, é ótimo ver essas coisas pra dar mais sentido de realidade. :o)

    Beijinhos,
    Alice

  11. Oi, Sandro!

    Muito legais e realistas suas contribuições. Nos ajuda e ter expectativas corretas sobre as coisas.
    Vou por lá nos comentários um link pro seu post do custo das universidades!

    Valeu a contribuição!
    Abraço e parabéns pelo 1 ano!

    Tissy

  12. gostei muito do resumo de um ano de suas vidas nesse país de conquistas, desejo a vcs toda felicidade to mundo,e coloquem Deus como centro de suas vidas!!!

  13. Olá Sandro e Adriana,

    Gostei muito dessa análise que voces fizeram, coloquei a parte inicial lá no nosso blog com um link para quem quiser continuar a leitura. Espero que não se importem, achei realmente uma boa análise.
    Abraço

  14. Olá Sandro.
    Li seu post hoje, 20/04/11.
    E aí como será post 2 anos no Canadá?
    Eu tive a impressão de que após um ano aí, a vida é a mesma daqui, tirando alguns pontos daí que podem ser compensados por outros daqui …
    Mas e agora, depois de 2 anos, sendo curto e grosso, você diria o que? Compensou? Você faria de novo? Quem não foi ainda, que vá?
    Aguardo seu contato.
    Abraço
    Cleuber

  15. Incrivel como lendo isso, nos identificamos, fez um ano que estou no canada a alguns dias atras. E concordo com praticametne tudo que vc escreveu!!!

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