Benefícios sociais, lá e aqui

bolsa_familia_logoNão é de hoje que eu tenho lido, em emails-corrente e em post em redes sociais, críticas ao assistencialismo do governo brasileiro. O principal alvo dessas críticas é o bolsa família, mas também não escapam o vale gás e outras esmolas pagas com o dinheiro dos impostos. Diferentemente do que muitas pessoas pensam, essas ajudas sociais não foram introduzidas pelo PT, mas pelo PSDB durante o governo FHC. O primeiro programa foi o Bolsa Escola, que fazia parte de uma inciativa chamada Rede de Proteção Social.

O Governo do PT mudou o nome dos programas e passou a usá-los como bandeira política o que desagradou a maioria das pessoas. Até mesmo o petista Cristovam Buarque, um dos idealizadores do Bolsa Escola, criticou a desvinculação do benefício à educação e a frequência escolar, o que serviria para diminuir a evasão escolar e o trabalho infantil.

Isso é uma vergonha, vou-me embora daqui

Muitas pessoas que sonham em viver fora do país usam esses auxílios sociais como argumento de que o Brasil está no caminho errado e que é hora de tentar a vida em outro lugar. Muitos deles vem para o Canadá em busca de uma melhor distribuição de renda e um melhor uso dos impostos que são pagos.

Quando chegam aqui – surpresa! – descobrem que aqui também existem os auxílios sociais que dependem da renda e da composição familiar. Estranhamente, poucos imigrantes reclamam do assistencialismo do governo canadense, embora existam queixas sobres impostos pagos para bancar esse programas.

Auxílios sociais no Canadá

O cidadão canadense e o imigrante legal – status de residente permanente – tem direito aos seguintes auxílios:

  • Crédito da TPS/TPH – restituição parcial do imposto que você paga a cada compra
  • Prestação fiscal canadense para crianças (PFCE) – o bolsa família do Canadá
  • Prestação universal para guarda de crianças (PUGE) – para filhos de até 6 anos

Adicione os auxílios do Quebec:

  • Programa de sustento infantil – o bolsa família do Quebec
  • Prime au travail – restituição parcial de imposto para famílias de baixa renda que estão empregadas
  • Subsidio a garderie – incluindo reembolso para garderies privadas
  • Ajuda social de último recurso –  explicado lá embaixo

Ajuda para pagar a escolinha

A província do Quebec garante a escolinha dos pequenos à 7 dólares por dia, através do subsídio à algumas garderies e através de reembolso da diferença. O valor reembolsado depende da renda, número de filhos e do valor da garderie.

De modo geral uma escolinha de 25 dólares por dia dá direito ao reembolso de uns 15 dólares e é possível receber esse crédito mensalmente. Clique aqui para simular o total do reembolso provincial e federal.

Último recurso

Se o desemprego bateu a sua porta, as economias acabaram e a fome está rondando o seu lar, antes de pedir esmola existe a ajuda de último recurso. Para pedir esse ajuda é necessário provar que você está à procura de emprego, e o seu dinheiro acabou e que você tem controlado os seus gastos.

Essa ajuda é para pessoas que estão realmente vivendo na miséria e que não tem condição nenhuma de sair dessa situação. As pessoas que buscam esses benefícios são geralmente mal vistas e taxadas como aproveitadoras e preguiçosas. Minha opinião em relação ao imigrante qualificado: esse benefício não é para você.

Simulações

Veja abaixo a simulação dos benefícios para uma família com 2 filhos, sendo um em idade escolar e o outro abaixo de 6 anos. A tabela abaixo mostra valores mensais, mas alguns benefícios são pagos mensalmente, outros trimestralmente e outros anualmente como parte da restituição de imposto de renda.

Essa simulação é foi feita com valores de 2011, e server para referência apenas, para ter uma ideia real da sua situação acesse a calculadora oficial dos benefícios federais e do Quebec.

Renda Familiar

Cred. TPS

PFCE

PUGE

S. Enfants

Prime

Total

30000

64

470

100

275

106

1015

40000

40

280

100

275

23

718

60000

0

170

100

218

0

488

80000

0

103

100

151

0

354

100000

0

36

100

99

0

235

No outro extremo, uma família de classe média com renda anual de 100.000 dólares (equivalente a cerca de 14.000 reais por mês) que recebe 235 dólares por mês para ajudar nas contas da família.
Isso significa que mesmo famílias com uma renda razoável tem direito a uma bolsa família. E agora? Quem é o país assistencialista? Por que ninguém reclama aqui por aqui?
Em primeiro lugar, não existe um vínculo do programa a nenhum partido político, embora o medo de perder as ajudas federais pesaram contra a independência do Quebec no último plebicito.
Em segundo lugar a natureza de escala dos programas, de forma que até mesmo famílias em melhores condições financeiras recebam benefícios do governo.

Na primeira linha da tabela vê-se uma família considerada de baixa renda, com salário de 30.000 dólares anuais (equivalente a cerca de 4.500 reais por mês), recebe até 1015 dólares mensais de ajudas do governo. Se for uma família com menos filhos a ajuda cai drasticamente, mas se tiver mais filhos ela é ainda maior.

No outro extremo, uma família de classe média com renda anual de 100.000 dólares (equivalente a cerca de 14.000 reais por mês) que recebe 235 dólares por mês para ajudar nas contas da família.

Isso significa que mesmo famílias com uma renda razoável tem direito a uma bolsa família. E agora? Quem é o país assistencialista? Por que ninguém reclama aqui por aqui?

Em primeiro lugar, não existe um vínculo do programa a nenhum partido político, embora conta-se que o medo de perder as ajudas federais pesaram a favor do “não” no último plebiscito sobre a independência do Quebec.

Em segundo lugar a natureza de escala dos programas, de forma que até mesmo famílias em melhores condições financeiras recebam benefícios do governo, mesmo que seja em valores menores. Todos recebem, a distribuição é mais justa, então menos pessoas reclamam.

Um último ponto, existe sim alguma crítica. Tantas ajudas resultam em impostos mais altos, famílias com muitos filhos recebem mais benefícios. Casais sem filhos ou pessoas solteiras recebem menos benefícios e as vezes nada, de forma que aqueles que não tem filhos bancam os benefícios das famílias com crianças. E todos pagam pela ajuda financeira de último recurso o que às vezes gera revolta, afinal é impossível agradar a todos.

15 opiniões sobre “Benefícios sociais, lá e aqui

  1. É Sandro, parece que o que pesa no fim das contas é uma coisa que anda longe das políticas sociais brasileira: JUSTIÇA.
    Política social existe, e existe em todo lugar, o problema é quando ela não passa de manipulação das camadas mais necessitadas.
    Pelo que você descreveu, o Canadá parece saber fazer uma distribuição melhor da riqueza de TODOS e para TODOS.
    Canadá, me espere que estou chegando!! Deus queira!
    Abraços
    Cleuber

  2. Sandro,
    Tbm estou escrevendo um post sobre as ajudas do Governo. Mto menos “político” que o seu. Eu sou
    daqueles q está insatisfeito com o assistencialismo no BR. Não pela assistência em si, já q mta
    gente precisa sim de apoio em determinado momento da vida e creio q cabe ao Governo oferecer
    suporte nesse instante difícil. No meu ver o problema é o cunho político embutido nesse
    assistencialismo, na “compra de votos” e no interesse. E por ver q td essa ajuda só faz as
    pessoas aqui se acomodarem. Isso para não falar na corrupção e na falta de carater das pessoas
    mal intencionadas em receber um dinheiro q não precisam. Por isso, comparando com o Canadá e
    vendo q aí o interesse político não sobrepõe o social e q uma parcela maior da população é
    assistida, tornando o programa mais justo e abrangente, penso eu q pelo menos parte do problema
    não irá se repetir. Acredito q assim como aqui, no QC tbm teremos gente usando algo q não
    precisa. Se houver fiscalização (o q não tem aqui) já é algo importante. Ou seja, eu acho q
    fazer valer seu direito é importante em qualquer lugar. Só q no BR a classe média é SEMPRE
    esmagada por essas decisões. E como a classe média aqui é maioria a reclamação corre solta. Enqto
    q no Canadá uma maior igualdade social torna esse assistencialismo menos burocrático, menos
    sujeito à fraudes, mais justo… Acho q cabe a cada um ter bom senso e fazer com q seu imposto
    volte pra vc naqueles momentos necessários e não tornar isso a sua “renda extra”, como vem
    acontecendo no BR. Acho q vou escrever um post depois sobre isso tbm pra esquentar a discussão… ahahaha!
    Abraço!

  3. Olá Sandro,
    É tão interessante quando vemos alguém xingar a tal “política assistencialista” do governo brasileiro e chegar aqui e achar MARAVILHOSA a “política assistencialista” do governo canadense. O q mudou na situação (além do país) ? Normalmente só o fato da pessoa em questão se beneficiar da segunda situação. Como ela se beneficia, então está tudo bem, não é mesmo?

    No Brasil ainda existia uma incrível corrente deflagadora de …ahn..digamos “Falsas verdades” (pq dizer mentira é muito forte) sobre as políticas públicas federais. Lembro até hoje de uma digníssima senhora que reclamava que por culpa do bolsa família, o prédio dela tinha muita dificuldade em encontrar um porteiro para empregar. Pq os “pobres” preferiam ficar recebendo o benefício do q aceitar a oferta q ela como síndica oferecia. Na época eu me desculpei com a digníssima senhora, mas disse q se o cidadão preferia ficar recebendo o bolsa família (que diferente do q muitos pensam vai de R$36,00 à máximo de R$306), do que receber a “oferta” de emprego dela, então a oferta dela era quase exploratória (o q se comprovou depois qdo olhei a tal “oferta”).
    Para ilustrar melhor, uma parente minha reclamava que estava difícil encontrar empregada doméstica, pq agora com o bolsa família, bolsa escola e o q mais, os “pobres” não queriam mais trabalhar. Achei estranho e através de contatos de amigos, achei uma senhora q queria trabalhar como empregada doméstica e a indiquei. Depois de um tempo, perguntei para essa parente pq não tinha empregado a tal senhora. a resposta foi: “Um absurdo, ela queria carteira assinada, e um salário mínimo. É só pra limpar a casa, não pra fazer nada de extraordinário”.
    Aí uma pessoa dessas vem para o Canadá e acha o Máximo como aqui não existe taaaanta desigualdade e acha magnífico. Aí vai e fala algo q já ouvi inúmeras vezes em fóruns por aí : “Um absurdo um motorista de ônibus canadense ganhar mais do q eu q tenho faculdade”.

    Mas voltando ao Brasil, outra coisa q muito interessante, foi na época das eleições as pessoas falarem q “é um absurdo deixar essas pessoas beneficiárias das bolsas votarem.” Aí tinha sempre aquele papo tentando desvalorizar o voto dessa população. O q eu nunca entendi, juro q eu tentei. Mas se essa população votava no governo para continuar recebendo as bolsas, era um motivo, não era? Cada um tinha seu motivo para votar (pelo menos deveriam) e se era para dar continuidade à um pacote de serviços que achava importante para sua família, pq isso é algo ruim? Só pq eu não estou sendo beneficiado? Então eu tenho q votar em quem eu acredito e vença o melhor. E se, só por causa dessa população q o governo atual está no poder, então eu fico mais ainda perdido, pois achava q democracia era exatamente isso: a maioria vence e quem não venceu tenta de novo depois.

    Mas enfim, depois de tudo isso consegui lembrar da palavra q procurava na minha primeira frase. A palavra q explica muito bem qdo o tal cidadão imigrante xinga o “assistencialismo” brasileiro e A-D-O-R-A o “assistencialismo” canadense: hipocrisia.

    Abraços!

  4. nada a ver.. comparação muito superficial…
    o problema é de como o beneficio é aplicado no Canada e no Brasil…

  5. Sim Marcos você tem razão, o problema é de como o beneficio é aplicado. Mas aí eu pergunto, o benefício é bem aplicado no Canadá?

  6. esse problema é muito amplo. Para uma resposta precisa, precisaria de meses de analise. mas vamos lá, pense no seguinte. Vagabundo existe em qualquer lugar do mundo. Oque fazer com eles já que matar não é permitido?
    Se não der assistência para o básico, no melhor vira mendigo ou pedinte, se não virar assaltante, drogado, etc… Então, para vivermos em uma sociedade, tem que ter tratamento. Em breve analise acredito valida a assistência do Canada, porem volta a ressaltar que é um assunto que precisa de amplo conhecimento para um julgamento assertivo

  7. Primeiro, parabéns ao auto do texto por expor esse tema que sempre discuto com colegas de imigração.

    Segundo, fiquei chocado com o comentário do leitor: “o que fazer com eles já que matar não é permitido”… que mentalidadezinha de classe média fascista héim.

    Terceiro, brasileiro é contra “assistencialismo” aqui mas a favor lá porque ou é preconceituoso, ou é ignorante ou tem complexo de vira-lata. E o nome correto desse sistema político-econômico é Social-Democracia (ou democracia socialista). O Canadá (e o Québec com mais intensidade) são Sociais-Democracias, assim como os países nórdicos e outros europeus. Ou seja, no primeiro mundo é lindo, aqui é terrível. Fico puto com o analfabetismo político dos brasileiros. O projeto político de ambos os partidos (PSDB e PT) desde a redemocratização é fazer do país uma social-democracia. Se você é contra esse modelo pois é liberal clássico, neoliberal, anarquista, etc., beleza, seja coerente. Seja contra lá e aqui.
    Abraços!

  8. Saudações,

    Parabéns pelo seu Blog e pela sua decisão de morar no Canadá.
    Pretendo ir para Montreal para estudar juntamente com minha esposa. inicialmente ela deverá trabalhar durante o período de meu estudo.

    Como pretendo ir para o QUEBEC não como residente permanente, mas sim com estudante em um College, gostaria de lhe perguntar se consigo uma Garderie para minha filha por $7, assim como algumas são ofertadas? Isso é muito difícil de se conseguir? É impossível?

    Ficarei muito grato se me ajudar, pois todos que consegui contato não viveram a experiência que estou optando obter, a maior parte das pessoas que tenho conversado só sabem como funciona para residentes permanentes.

    Desde já agradeço sua atenção.

  9. Olá Sandro
    Parabéns pelo blog!
    Tenho o mesmo questionamento de Jonathas Felipe
    Sou casada e tenho uma filha de 1 ano indo para Montreal com visto de estudo e trabalho teríamos direito a uma garderie? Poderíamos assim estudar e trabalhar?
    Grata
    Michele

  10. ola Sandro, olha eu e milha família estivemos morando na Itália por muitos anos, essa semana entrei no site do governo canadense e fiz o teste rápido para ver se estou apto a imigrar como imigrante permanente para o Quebec. O teste deu como positivo porem a primeira coisa eu não sei bem como prosseguir para o próximo passo .

    o que gostaria de saber mesmo é : estamos querendo muito ir para o canada, porem não sei qual é o melhor lugar. o teste fiz para o Quebec . porem não sei nada. uma coisa vc me ajudou hoje, e que o Quebec tem ajuda para família, e o meu caso, que tenho dois, isso no inicio é muito importante, ate conseguir um bom emprego.

    na Itália eu levei dois anos para me estruturar. e sei que esse período é bastante difícil,

    no Quebec tem alguma cidade pequena boa de morar?

    é normal que as pessoas morem em um lugar e trabalham em outra?

    eu na Itália fazia diariamente 82km para trabalhar. como as estradas são boas, não era tão ruim.

    a cidade onde eu trabalhava não era muito boa, não havia muito recurso, porem eu optei para morar em uma cidade mais perto ao centro, uma opção feita pq para minha esposa era melhor como era ela quem teria que cuidar das crianças, e para trabalhar era melhor para ela, então quem deveria fazer o maior percusso era eu.

    eu tenho experiencia em trabalhar como eletricista, por dois anos na Italia
    tenho experiencia em trabalhar como lider de qualidade em Industria de PVC, PT e PTG. linha de alta qualidade de filmes em 3D para revestimento de moveis. industria de plastico e borracha.
    atualmente trabalho no brasil como lider de Relacionamento com Investidor.

    só mais uma coisa. o teste que fiz não me solicitou quanto eu tenho de entendimento do idioma.

    é possível encontrar trabalho mesmo não falando muito bem a linguá?
    é possível que minha esposa trabalhe com limpeza de casa, escritórios, e bancos ?

    e depois sei como na Itália não tem salario minimo, porem sei que na Itália nenhum funcionário ou operário ganha menos de 1000,00 euros esse é o minimo.

    e sei que como dois salario desse vc pode viver dignamente.
    e ai como é?

    na Itália minhas despesas eram :
    água 25 euros a (cada dois meses)
    energia 110 euros (a cada dois meses)
    telefone fixo + internet 120 euros ( a cada dois meses)
    lixo 300 euros ( uma vez ao ano)
    aluguem 600 euros ( mensal)
    impostos vem ja descontados no pagamento mensal. o da comuni, o da provincia eo federal.
    o imposto de renda, todas as despesas gastas como o social, como despesas extras como farmácia, dentistas, seguro de visa ou social, parte do aluguel, ou financiamento da casa própria, hora estras, todos esses são descontados e parte retorna para vc uma vez por ano. normalmente no pagamento de julho, entes das ferias coletivas.
    o carro e bem barato, eu tinha um Golf completo 1,9 turbo diesel que me custou 1500 euros era o único dono.

    é possivel viver com uma paga de 2000 euros, sei que vive um pouco apertado, porem é sempre e sempre e sempre muuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuuito melhor do que trabalhar no brasil e ganhar R$ 4000,00 e não ter nada, mais é nada, mesmo, ha sim vc tem sim, vc tem escolas escassas, saúde só mente escrito na frente dos potinho de saúde, porque saúde mesmo está em falta.e nem vou entrar em detalho noq eu diz respeito a segurança e outras coisas básicas.

    infeliz mente foi necessário voltar para o Brasil, por motivos de Família, e deixei um ótimo emprego.
    porem hoje a Itália não é mais a mesma, para que está em busca de emprego.

    Sandro de uma olhada em que vc pode me ajudar depois desse testo horrível e imenso .

    um brande abraço.

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